HERMÈS: Na contramão do mercado de luxo
Enquanto muitas marcas enfrentam desafios, a Hermès cresce quase 18% e bate recordes de vendas. Mas qual é o segredo?
A marca ultrapassou € 300 bilhões em valor de mercado, e chega perto de um dos maiores conglomerados de marca de luxo do mundo: LVMH, que by the way, enfrenta grandes desafios e quedas.
Enquanto o mercado de luxo desacelera na maioria dos países, algumas marcas provam que exclusividade ainda pode ser a estratégia mais valiosa. A Hermès, uma das maisons mais tradicionais e desejadas do mundo, cresceu quase 18%, bateu recordes de vendas e segue em plena ascensão. Tudo isso sem promoções, sem colaborações massivas e sem abrir mão de sua essência, e que ainda te nega vender uma Birkin, caso você nunca tenha tido relacionamento com a marca.
OK, mas qual é o segredo por trás desse sucesso contínuo? E como uma marca que não segue tendências e nem acelera a produção consegue se fortalecer mesmo em tempos incertos?
A resposta está na fórmula que a Hermès aperfeiçoou ao longo de mais de 185 anos: exclusividade (e sinônimo de raridade), desejo e inovação com propósito e estratégia.
O LUXO NÃO ESTÁ NO PREÇO, MAS NO SIGNIFICADO
Desde sua fundação em 1837, a Hermès constrói um legado sólido baseado na produção artesanal, no uso de materiais nobres e no controle absoluto sobre sua oferta. Diferente de outras marcas de luxo, que apostam em volumes cada vez maiores para sustentar sua operação (como a Gucci), a Hermès faz o oposto: produz menos, controla rigorosamente seu estoque (e quem compra) e nunca apressa a fabricação de uma peça.
O resultado? Um desejo crescente e uma aura de inacessibilidade que tornam seus produtos ainda mais cobiçados.
Mas isso não significa que a marca está presa ao passado. Pelo contrário: a Hermès sabe inovar sem perder sua identidade. Um exemplo perfeito é a Petit H, sua linha experimental que reaproveita materiais excedentes de coleções passadas para criar peças únicas.
Além da sustentabilidade, a Petit H reforça o storytelling da marca e entrega uma experiência diferenciada para os consumidores. Em sua concept store em Paris, os clientes não compram apenas um produto – eles levam para casa uma obra de arte, uma peça exclusiva com história e propósito.
E no universo do luxo, nada vale mais do que isso.
O VERDADEIRO LUXO NÃO SE COPIA (ou será que sim?)
Mas nem tudo são flores. No mesmo ano em que a Hermès viu seu crescimento disparar, a marca também enfrentou uma situação clássica no mercado do luxo: foi copiada.
E dessa vez, foi por ninguém mais, ninguém menos que o Walmart, uma das maiores redes varejistas dos EUA, lançou a “Wirkin”, uma bolsa claramente inspirada na icônica Birkin. O detalhe? Enquanto a original pode custar até US$ 300 mil, a versão do Walmart era vendida por apenas US$ 78.
Mas será que uma bolsa barata ameaça uma das marcas mais desejadas do mundo? Nem de longe, muito pelo contrário. O hype da cópia faz a marca original estar em destaque, podendo até aumentar seu preço, afinal o luxo opera dentro da anomalia econômica favorita: o efeito Veblen. No qual explica, que ao contrário de mercados tradicionais, produtos de luxo não competem por preço e que uma crise pode se tornar oportunidade para a marca vender mais e para o público certo.
O luxo de verdade não está apenas no design ou no nome estampado na peça. Ele está no que a marca representa, no significado que carrega e na experiência que entrega.
O QUE A HERMÈS ENSINA SOBRE EXCLUSIVIDADE?
A estratégia da Hermès é um lembrete poderoso de que luxo não se constrói com volume, e sim com valor. Em vez de buscar crescimento acelerado, a marca mantém sua essência, valoriza seu tempo e fortalece sua narrativa.
Enquanto outras maisons cada vez mais buscam relevância através de parcerias massivas, lançamentos frenéticos e campanhas que atingem o grande público, a Hermès se mantém fiel ao seu posicionamento. Ela sabe que desejo se constrói na escassez, no inacessível e no significado por trás de cada peça.
E a estratégia tem dado certo: a marca não apenas superou um ano desafiador, mas provou que exclusividade e desejo continuam sendo as maiores moedas do mercado de luxo.
E qual dessas estratégias você acredita que é à prova de crises? Exclusividade será sempre o maior diferencial no luxo?