Louis Vuitton adere a Era da Beleza - novo capítulo na história da centenária marca de luxo
Por que a maison francesa aposta em maquiagem e perfumes para expandir seu império—e como isso redefine o mercado de luxo.
A Louis Vuitton acaba de dar um passo que, sinceramente eu já esperava: sua entrada oficial no mercado de beleza. E não é qualquer entrada—Pat McGrath, a maior maquiadora , foi convocada para comandar a criação da linha de maquiagem da maison. Um movimento que diz muito sobre a adequação no mercado de luxo.
A beleza tem sido a porta de entrada para consumidores que aspiram ao luxo, e o segmento tem crescido de maneira impressionante. O mercado global de beleza está projetado para atingir cerca de US$ 580 bilhões até 2027, com um crescimento anual de 6%, segundo a McKinsey.
No Brasil, esse setor explodiu nos últimos anos, consolidando o país como um dos maiores mercados de cosméticos do mundo. Em contrapartida, o mercado de moda tem enfrentado desafios, com um crescimento mais lento e até mesmo quedas em algumas categorias. Esse desequilíbrio reflete uma mudança no comportamento do consumidor: enquanto o desejo por marcas de luxo continua alto, os produtos mais acessíveis—como perfumes e maquiagem—se tornam a porta de entrada para um público mais amplo.
A Louis Vuitton, que sempre teve uma estratégia muito controlada e um portfólio de produtos relativamente enxuto, agora entra em um território onde a recorrência e a acessibilidade relativa são fundamentais. Produtos como perfumes e maquiagem permitem que a marca se capilarize no mercado, conquistando consumidores que desejam pertencer a esse universo, mas não podem comprar os itens mais caros. Essa estratégia já se provou eficaz para marcas como Chanel e Dior, que transformaram suas linhas de beleza em verdadeiros pilares de faturamento. Afinal, quem não pode comprar uma bolsa de US$10.000 às vezes pode comprar um perfume de US$ 500 para pertencer ao universo da marca.
Mas o que essa entrada realmente significa? Primeiro, reforça a tese de que luxo e beleza caminham cada vez mais juntos. Dior e Chanel já fizeram esse movimento há décadas, transformando suas linhas de beleza em negócios multibilionários. A diferença é que a Louis Vuitton faz esse debut com um nome de peso —Pat McGrath é essa pessoa. Seu histórico fala por si só: criadora da Pat McGrath Labs, responsável por alguns dos lançamentos mais inovadores da indústria, além de ser a força criativa por trás de editoriais, desfiles icônicos e uma marca valendo mais US$ 1 bilhão. (Muito esperta a sra. Louis Vuitton, não é mesmo?)
A escolha de Pat além de estratégica, é simbólica. Ela traz um olhar que une arte e tecnologia, criando produtos que vão além da maquiagem. Isso diz muito sobre o que podemos esperar dessa nova fase da Louis Vuitton: produtos que transcendem a funcionalidade e entram no território do desejo absoluto.
Essa movimentação também levanta uma questão interessante: estamos diante de uma nova era onde o luxo não se basta apenas na indumentária? As maisons entenderam que a cultura do desejo passa pelo toque, pelo cheiro, pela textura—e a beleza encapsula tudo isso. A Louis Vuitton, que há anos domina o mercado de bolsas e acessórios, agora quer estar presente no ritual diário de quem consome (ou aspira consumir) a marca.
No fim, essa jogada é menos sobre competir com outras maisons e mais sobre consolidar o império da Louis Vuitton em novos territórios. Se o luxo contemporâneo é sobre experiência e storytelling, nada melhor do que ter a beleza como mais um capítulo dessa história. E com Pat McGrath no comando, essa história promete ser espetacular, não acha?